Brasil, estado do Rio de Janeiro
  • 11 e 12 de Janeiro de 2011

A tragédia de Janeiro de 2011, na região montanhosa do estado do Rio de Janeiro, tornou‑se no maior desastre natural, envolvendo movimentos de massa, da história do Brasil (ultrapassando o desastre de Caraguatatuba em 1967).

Durante os dias 11 e 12 de Janeiro de 2011 registaram-se, na região sudoeste do Brasil, inúmeros deslizamentos de vertente, cheias e debris flows. Dois dos registos de debris flows mais relevantes ocorreram nas cidades de Teresópolis (bairro de Calame) e Nova Friburgo (bairro de Córrego D’Antas). No entanto, outras localidades foram severamente assoladas pelos eventos registados em Janeiro de 2011, nomeadamente Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Areal, Sumidouro e Bom Jardim (Nunes & Sayão, 2014).

O número oficial de vítimas mortais é de 912, no entanto pensa-se que este valor representa apenas uma pequena parte das vítimas que a tragédia realmente provocou. Relativamente aos danos materiais, estima-se que estes se aproximaram dos 5 mil milhões de R$ (aproximadamente 1,6 mil milhões de €) (Nunes & Sayão, 2014).

Os movimentos de massa registados na tragédia tiveram como principal fator desencadeador a precipitação de extrema intensidade que se registou entre os dias 11 e 12 de Janeiro de 2011. De facto, num período de 24 horas entre estes dias, a entidade meteorológica local registou mais precipitação da que seria expectável para o mês inteiro (INEP, 2011) [1] . Nesse intervalo, os períodos críticos de precipitação foram:

– a noite do dia 11 de Janeiro (297 mm durante essa noite); e

– a madrugada do dia 12 de Janeiro (30 mm de precipitação durante 2 horas, seguidos de 16,4 mm durante 30 minutos).

Aliado a estes eventos meteorológicos excecionais, está o facto de o mês precedente à tragédia (Dezembro de 2010) ter sido um mês bastante chuvoso, com uma precipitação estimada em 388 mm.

Estes eventos pluviométricos estiveram na origem do transbordo de vários rios da região de Nova Friburgo e na saturação dos depósitos de cobertura envolventes, traduzindo-se no transporte de grandes quantidades de materiais sólidos (ver Figura 7.3). De acordo com o departamento de Defesa Civil de Nova Friburgo, estima-se que cerca de 80 milhões de metros cúbicos de material sólido tenham sido mobilizados no município (Nunes & Sayão, 2014).


[1] Informação presente em: globo.com/brasil/

Referências bibliográficas:

Nunes, A. L. & Sayão, A., 2014. Debris Flows e Técnicas de Mitigação e Convivência. 14º Congresso Nacional de Geotecnia.