Venezuela, estado de Vargas
  • 15 e 16 de Dezembro de 1999

O desastre natural registado entre os dias 8 e 19 de Dezembro de 1999 (com especial incidência nos dias 15 e 16) na região norte da Venezuela é considerado o evento mais destrutivo ocorrido na América Latina do século XX (Takahashi, 2007). Neste evento, oito estados do norte da Venezuela foram afetados, sendo que o estado de Vargas foi o que registou danos mais expressivos, causados por deslizamentos de vertente, debris flows e cheias.

Na sequência deste evento estima-se que 15.000 a 20.000 pessoas tenham perdido a vida e que os danos materiais ascendam aos 4 mil milhões de dólares (López, et al., 2007). No estado de Vargas, região mais afetada pelos eventos, os danos materiais foram estimados em 2 mil milhões de dólares (Lopez & Courtel, 2008).

De acordo com Lopez & Courtel (2008) os fenómenos de deslizamentos de vertente e de debris flows registados tiveram na sua génese as precipitações incessantes que se verificaram nos catorze dias que os antecederam e, nas precipitações de intensidade extrema dos dias 15 e 16 de Dezembro, resultando num escoamento superficial com grande capacidade de transporte. Segundo Genatios (2012), estimou-se que os fenómenos de precipitações registados apresentam um período de retorno de cerca de 500 anos.

Para os vários eventos de debris flows registados estima-se que tenham sido mobilizados cerca de 20 M de m3 de detritos, dos quais blocos com dimensões superiores a 10 m, conduzindo à alteração irreversível da morfologia costeira a norte de Caracas (Genatios, 2012). As regiões urbanas, desenvolvidas em cones de deposição, foram extremamente afetadas tendo-se registado a completa destruição de inúmeras infraestruturas. Após o desastre, as entidades governamentais deram início a um plano de desenvolvimento de medidas estruturais para mitigação do efeito de ocorrências futuras de debris flows sendo que foi prevista a construção de 35 açudes de retenção de vários tipos. Nesse sentido foi criada uma entidade direcionada em exclusivo para a reconstrução e desenvolvimento do estado de Vargas – CORPOVARGAS (Corporación para la Recuperación y Desarrollo del Estado Vargas).

Referências bibliográficas:

Genatios, C., 2012. Vargas, del riesgo al desastre: Los aludes torrenciales de 1999. Gestión de riesgo; entre lo planificado y lo ejecutado, Caracas.

Larsen, M. et al., 2001. Natural hazards on alluvial fans: the Venezuela debris flow and flash flood disaster. US Geological Survey fact sheet, FS, pp. 103-1.

López, J. L., Hernández, D. P. & Peñaranda, C. V., 2007. Presas para el Control de Flujos Torrenciales en el Estado Vargas, Venezuela. Tercer Simposio Regional sobre Hidráulica de Ríos. (in Spanish)

Lopez, J. L. & Courtel, F., 2008. An integrated approach for debris-flow risk mitigation in the north coastal range of Venezuela. pp. 1-4.

Takahashi, T., 2007. Debris Flow: Mechanics, Prediction and Countermeasures.Taylor & Francis.