Ilha da Madeira
  • 20 de Fevereiro de 2010

O último grande fenómeno de debris flow registado em Portugal ocorreu a ilha da Madeira, a 20 de Fevereiro de 2010, tendo vitimado 48 pessoas e provocado danos estimados em mais de 1000 M€[1]. Apesar de pouco frequentes[2], os eventos de debris flows são os desastres naturais que mais vítimas humanas e danos materiais têm feito no curto período histórico da ilha da Madeira.

Segundo EARAM (2010), o evento de 20 de Fevereiro de 2010 teve como principal fator desencadeador a intensidade de precipitação extrema que se registou (associada a um período de retorno de 80 a 100 anos para a duração de 1 hora, e a um período da ordem de 1000 anos, para a duração de 6 a 12 horas). De acordo com o mesmo estudo, este fenómeno de debris flow apresentou características de um evento com o período de retorno da ordem dos 100 anos, resultando em caudais de ponta com capacidade de mobilizar material sólido com dimensões significativas (que em alguns casos ultrapassaram os 2 m de diâmetro). O fenómeno atingiu, com elevada intensidade, alguns concelhos da vertente sul da ilha, em particular os concelhos do Funchal e da Ribeira Brava onde se verificaram dezenas de vítimas mortais, alguns desaparecidos e elevados danos materiais inerentes à destruição de várias infra‑estruturas.

Valente (2010) enaltece o facto de a diminuição da capacidade de transporte sólido das ribeiras nas zonas com declives menos acentuados (que correspondem frequentemente às zonas urbanizadas), combinada com a incapacidade da foz em encaixar os caudais de ponta do evento, ter conduzido a uma diminuição brusca da velocidade do escoamento junto à foz e, consequentemente, à acumulação de material sólido para montante. Esta incapacidade da foz de absorver o material sólido mobilizado provocou a colmatação total da secção de vazão das ribeiras e, consequentemente, o transbordo das mesmas, causando danos e prejuízos avultados em várias zonas da ilha, em especial na cidade do Funchal.


[1] Fonte: sicnoticias.sapo.pt

[2] EARAM (2010) refere 10 registos desde 1803, data em que se registou o debris flow mais destrutivo registado na ilha da Madeira desde o seu povoamento.

Referências bibliográficas:

EARAM, 2010. Estudo de Avaliação do Risco de Aluviões na Ilha da Madeira. Relatório Síntese (Versão 0.99d). (in Portuguese)

Valente, B., 2010. Temporal na Ilha da Madeira: Causas, consequências e formas mitigadoras dos danos. (in Portuguese).